quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Divagações noturnas

Enquanto isso, na bat-caverna... Dois pensamentos me vêm à mente, na verdade três: dois de cunho gramatical e um sobre alguma divagação qualquer. Primeiro, o hífen do bat-caverna, sempre tive dificuldades com desconhecidas palavras compostas; segundo, o acento circunflexo de vêm, que demonstra uma vergonhosa ignorância sobre as conjugações do verbo vir e ver – realmente deplorável, mas com solução simples; e por fim, se escrever de forma que não resulte em algo que pareça fruto de um esforço muito grande seria o ideal.

E para completar, fazendo com que sucedam-se de forma involuntária novas coisas à minha mente aumentando o números de problemas, me vem à mente – sim, eu sei a conjugação do verbo vir de forma intuitiva ao menos (meu problema é com o ver e os malditos e que se duplicam e que devem ser acentuados), e sim, minha mente está propensa a expressar-se hoje – que poderia escrever menos pela via negativa e mais pela positiva, ora pois. Seria vício de um estudante mal sucedido de filosofia que um dia ouviu falar da tal via negativa e se apegou a ela de maneira a-crítica? O meu caro amigo editor de texto me diz em vermelho que a-crítica não tem hífen, que seja. Não dar-me-ei o trabalho de corrigir, façam mentalmente vocês. Usar dos verbos de maneira pomposa seria um sintoma da escrita vaidosa do escritor que voz enche a paciência com indagações deste gênero? Para usar verbos de maneira pomposa entenda-se dúvida de chamar o dar-me-ei por mesóclise, confesso mais uma vez ignorância; e não sei se alguém com este tipo de dúvida poderia se auto denominar (malditas palavras compostas) escritor, a não ser pelo mero ato de escrever algo, como um palavrão no muro da escola.

Bom, diria certo filósofo alemão que cabe aos tolos perguntar sem necessidade. Tolice por tolice, o que seria dos cronistas se todos quisessem filosofar?

Mas antes que me enrole em mais perguntas, creio que poderia fugir da via negativa e no lugar em que escrevera escrever de forma que não resulte em algo que pareça fruto de um esforço muito grande poderia ter perguntado somente se seria melhor escrever de forma simples. Mas se o fizesse de certo perderia a rede que tece o conceito simples, o que não implica que de fato tenha alcançado eu esta rede – talvez parte dela. Por exemplo, quando se diz eu te amo ocorre o problema da massificação dos sentimentos nobres. Dize-se eu te amo de forma voluntária em relações superficiais com a finalidade única de ter alguém, nem sempre qualificado para tal, ao lado. Agora, um eu te amo emoldurado numa bem escrita carta de amor, objetivando razões para o amor e desamor, propondo em bases argumentativas todo o bem querer para o querer amado, aí sim, por mais que não haja profundidade na relação haveria uma tentativa nobre de expô-la aos olhos do outro e, por intuição, arrisco-me que a própria superficialidade seria tema de uma carta nesse caso – houve uma procura pelo entendimento daquilo que é, eis o importante.

Como? Não entendi a pergunta... Ah, seu eu já disse eu te amo? Sim, sim... Se eu já o disse de maneira leviana? Claro! Todos fomos jovens um dia, e colocamos o coração na ponta da língua. Mas com o tempo a retórica começa a servir para outras coisas, e o coração passa a se expressar de outras formas.

Poderiam afirmar-me contraditório: numa hora propõe cartas de amor, noutra o silêncio e formas ocultas de demonstração de afeto. Bom, seria acusação de pouca monta. Eis que as cartas de amor são representações interessantes do eu te amo enquanto frutos de um esforço para se compreender o que se quer dizer, mas não são necessariamente necessárias para se provar alguma coisa. É um critério de exclusão: você pode expressar-se ou não com um eu te amo, a escolha é pessoal – como se eu precisasse lembrar disso, o senhor redundância – mas se a opção for pela expressão, faça-se direito, entendido?

De forma análoga o simples poderia ser dito, mas o que quereria dizer? As palavras devem ser pensadas, degustadas, sentidas. Aqueles que o fazem leriam estas linhas? Provavelmente não. Isto aqui está mais para um manual de quinta de como proclamar a libertação da superficialidade dos tempos vigentes cujo endereçado não é ninguém menos do que este que vos fala do que para um texto que tanja a sensibilidade humana de forma universal. Percebo agora que nem a pretensa humildade que coloco neste texto o salva da mediocridade, como se dessa humildade um gênio vos falasse. Mas fazer o quê? O blog é meu e a merda é essa mesmo – afirmo-me perante o mundo quando insurge contra mim o pensamento que grande coisa um blog! Jura que você tem um? É amigo, a coisa está feia por estes lados.

Pois bem, continuemos a discorrer sobre a natureza do simples (tem alguém aí?). Como hoje tudo se consome muito rápido houve natural propensão ao desgaste da boa leitura, sendo que muitos conceitos não têm significação profunda para as pessoas. Se sintam à vontade para perguntar por que raios eu deveria buscar profundidade ou a razão da minha existência no conceito de simples, composto, cachorro-quente (quando se conhece a palavra os compostos são bem melhores) borboleta, roxo, fada, etc? Para mim, a vida está cada vez mais rápida e automatizada, sem controle sobre nosso agir no mundo e sem tempo suficiente para que relações se concretizem, palavras adquiram valores e para que se possa compreender o próximo. A linguagem é uma linguagem simples, rasa, reservada ao atendimento das nossas necessidades mais baixas – a terceira classe de homens de Platão viria a calhar aqui. Quando tudo é acessível a todos há algum problema. Eu ou você temos em mente tornarmo-nos celebridades, não é? Quem não faz pose para foto do click do gato, ouve a música da moda até aparecer a nova melhor música (tem como não pensar em titãs?) ou não se pega em testes do tipo “que pessoa de tal seriado você é” ? Quem nunca se imaginou um “grande irmão”, comprou o celular fodástico e caprichou naquele perfil de orkut?

Massificação, eis o problema. Para mim cada vez mais há muito do mesmo, pessoas querendo se destacar de alguma forma na multidão com as ferramentas que o sistema nos dá. Ficou fácil parecer feliz aos olhos do mundo. Ficou fácil parecer infeliz também – veja só os malditos emos, a personificação poser do universo. Ficou fácil demais parecer alguma coisa e ter a noção de que se é algo para alguém, mesmo que seja do outro lado da tela do computador, e que esse ser não passe de palavras vazias de vivência. Afinal, finita uma relação deste gênero, uma outra é provável; diria melhor: inúmeras outras são prováveis.

E nesse contexto palavras como amor ou simples não tem grande diferenciação. Ambas serão usadas, não necessariamente compreendidas. E aqui um parênteses para um ato de desagravo à Lingüística e sua relativização das palavras – amor não é o que um adolescente imbecil escreve em sua página pessoal para os mais variados tipos de receptores, apesar de considerar este tipo de imbecilidade em certos aspectos aceitáveis para adolescentes. O que é o amor? Não sei dizer, sei o que não é... eis minha via negativa.

Bom, por hoje cansei. Se me conheço bem, acharei algo a acrescentar aqui daqui a alguns meses. Mas isso não é importante. Ou é. Vai saber né?

2 comentários:

r00t disse...

por incrivel q pareca li seu post, apesar do tamanho. tenho q admitir q sou preguiçoso nessas horas. ainda naum entendo muito sobre escrever, como afirmei a algumas palavras atras naum leio muito, logo naum escrevo bem. mas tudo muda(um dia quem sabe). deixo aqui minha mera opiniao q pode ser pertinente ou naum, tudo vai depender do ponto d vista. primeiramente diria p/ vc ser mais direto, diminui bastante o tamanho do post hehehehehehe, gostaria de ve-lo escrever textos positivistas. tah, os alemaes saum negativistas, tudo bem, mais vc estah em outro pais, vivendo uma outra realidade, logo espero q vc aproveite o q d bom eles possam ensinar e transfira p/ os dias d hj.
acho q jah falei demais, e como quem fala o q naum sabe naum faz nada certo, espero naum ter errado muito. o/

Anônimo disse...

erro ou acerto, quem diria o q é?

valeu pelo comentário tomaz :)

abraço