sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Busca

àqueles que acompanha meu blog: não se espantem, este texto veio de lá, e como lá digo-lhes que é um texto sem motivo e sem final, sobre o qual pensarei num dia qualquer.

ps: agradeço em especial à Chico's Bar Editoras Confederandas pelo espaço.


Quando percorre o tempo à procura de sua alma, ou coisa parecida em essência, geralmente encontra tempo, mas a alma não encontra. Isso porque cala no tempo a alma que tanto procura.

Na idade de Zeus, fora intercalando seu ar com o mundo, seu mundo e o ar. Sócrates disse-lhe sempre para calar esse mundo, sempre deixar fluir a alma. Mas ele não deixava passar o mundo; os sons que o aguçavam, que tocavam por algum lugar que desconhecia.

Sentava-se na Ágora, era tardezinha. No discurso de um encontrava fé, no de outro palavras apenas. Assitia às mulheres em suas casas, e seus filhos, e suas lutas de espadas espartanas. E os escravos carregando daqui, e dali, e suas lutas com espadas atenienses, parisienses talvez. E os homens discutindo suas fés, ornando um homem ideal. Os homens cantavam-nas, e lutavam com suas espadas, e eram menos espartanas ou atenienses. Em meio ao tempo aquela gente parecia tanto a gente dos outros tempos.

Platão o chamara de lado. Não era seu costume, mas ele não compreendia aquele homem que se sentava tardezinha na Ágora. Ele era tão diferente deles, tão pouca fé demonstrava, mas se sentava na Ágora e ouvia, e o poente do Sol o penetrava. Parecia-lhe tão próximo de sua juventude.

Ouvira a falta da alma, em palavras calmas, pouco logos. Tentou então explicar seu mundo, e apesar de não ser o mundo de ambos, eram próximos.

Descobriu Platão sobre Cristo, sobre a Lua, e o Sol. Encantou-se com a grandeza da humanidade que ele ajudara a moldar, e por vezes se perguntou se aquilo poderia ser verdade. Mas o que era a verdade? Intangível, por certo. Como então duvidar daquele moço que lhe falava em revoluções além mar, rosas de Hiroshima e meninos de pele vermelha? Como negar-lhe a existência da relatividade, paraconsistência, inconsistência da vida cotidiana do século XXI?

Sim, chegou-se ao XXI, e antes dele o dezoito, dezesseis, o quinze... e todos eles recheados de histórias inspiradas por deusas diversas, ou homens diversos, e belos. E por muitos dias conversaram sobre estes homens e seus feitos, até dar-se por satisfeito o homem de ombros largos. Estava, de fato, extasiado. O logos viera de alguém tão desapegado ao discurso, e embora as imagens não se concretizassem em sua mente de forma clara ela sabia que aquele rapaz não mentira. Se postou ante seu mundo e o mundo que viria a ser e, eureka, insurgiu-lhe uma vontade de viajar entre os camponeses franceses e os cientistas ingleses, seja lá o que franceses e ingleses quisessem dizer. O que quer que fosse América, seus arranhas-céu de concreto ou a imensidão de várias Hélades, tudo lhe remetia a uma ordem que ansiava. Parecia mesmo uma criança – a dor dos nossos não lhe era possível.

Mas e daí, pensou o moço, a dor destas pessoas tampouco nos é possível, com nossos livros e livros, discursos e poemas, e canções. Fizera bem ao deixar Platão entrever o futuro? Ele lembrou-se de que este tipo de questão deixara de lhe importar a algum tempo. E a conversa fora uma boa conversa. Ele realmente esboçara um sorriso ao ouvir idzak newton, e perguntou-se se seu velho professor de grego ficaria satisfeito por aquela tentativa de transmutação de um belo dzeta num vulgar z – tinha a certeza de que a satisfação passaria longe do mestre, mas alegrou-se em imaginar a situação. Além do mais, nem sempre houve a possibilidade de constatar-se o quão era a vida alternativa de Sócrates segundo seu mais proeminente discípulo. E como eram belas as gregas confidenciadas por Platão, e os gregos.

A realidade era que ele se ambientava mais e mais ao Sol ameno, e o cheiro de mar que lhe tocava a face, e divagava para omitir de si este detalhe, sem sucesso. Por mais que ainda parecesse um estranho, fora ofertado a ele um manto, e sua presença na Ágora já não espantava. E aquelas pessoas cada vez mais lhe eram familiares. Convidou-se várias vezes para ficar, mas sabia no fundo que não podia...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Kaka: FIFA World Player






Fenomenal

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

ESTAMOS COM FOME DE AMOR - Arnaldo Jabor

"Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem,o mal do século é a solidão".Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam,alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida? Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostr
ar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho"! Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos
cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Vivemos
cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais
belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas e
ssas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague
mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou
mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto e cada instante que vai embora
não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por
você na rua, talvez nunca mais volte a
vê-la, quem sabe ali
estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser
adulto é ser ranzinza.
Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não
pense nele e se ele é pequeno demais, pra que pensar nele. Dá pra ser um
homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é pra
continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o
nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos
ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os
dois, vão querer pular fora, mas se eunão pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida
. Antes idiota que infeliz!"

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Animais morais


Um dos livros mais instigantes que li este ano é "Moral Minds" (mentes morais), de Marc Hauser, no qual este biólogo evolucionário de Harvard apresenta um modelo bastante convincente de como desenvolvemos um senso universal do certo e do errado.
Trata-se de um tema seminal, que despertou a atenção de alguns dos maiores filósofos de todos os tempos, e está no centro dos mais acalorados debates da atualidade, constituindo o substrato de questões como religião, violência, aborto, eutanásia, liberação das drogas etc.
A tese central da obra de Hauser é a de que a faculdade moral é um instinto. A analogia é com a teoria da gramática universal de Noam Chomsky, que já comentei numa coluna mais antiga. Da mesma forma que nossos cérebros são equipados com um "software" lingüístico, que nos habilita a aprender praticamente "por osmose" o(s) idioma(s) ao(s) qual(is) somos expostos na primeira infância, nossa cachola também já vem com uma moral de fábrica. Não se trata, por certo, de um código penal, uma lista pronta e acabada de todas as ofensas possíveis e as respectivas punições, mas de um conjunto de princípios elementares, comuns a toda a humanidade, e maleáveis o bastante para comportar uma boa gama de variações culturais.
Com efeito, por maior que seja a exuberância dos comportamentos humanos narrados pelos antropólogos, não se conhece cultura que considere positivo matar o próximo, por exemplo. Assim, como regra geral, toda sociedade proíbe o homicídio. Mas uma característica das regras gerais é que elas comportam exceções. E é justamente a lista de exceções à regra geral da proibição do homicídio que dará o caráter de cada sociedade.
A maioria das culturas excusa o homicídio no contexto da legítima defesa (da própria vida ou da de terceiros). Algumas, estendem essa licença à proteção da propriedade. No velho Oeste americano, era legal e legítimo enforcar ladrões de cavalos. Um número não desprezível autoriza assassinatos em defesa da honra. Em alguns grupos, notadamente islâmicos (embora o preceito não esteja no Alcorão nem nos "hadith") espera-se que pais assassinem filhas que se mostrem infiéis a seus maridos. Variações semelhantes ocorrem em relação ao tratamento que diferentes culturas dão ao aborto, ao infanticídio, às presas de guerra etc.
Para ficarmos na analogia lingüística, da mesma maneira que idiomas apresentam características universais --como operar com sujeitos, verbos e predicados--, diferentes sistemas morais também possuem traços básicos comuns, a exemplo da proibição do homicídio, do horror ao incesto, da promoção da família etc. Mas, assim como cada língua, apesar das estruturas profundas comuns, permanece singular, também uma cultura, mesmo mantendo certos padrões universais, difere da outra.
É claro que tanto a razão como as emoções estão presentes em todas as decisões morais que tomamos. Não matamos aquele motoboy imbecil que arrancou o espelhinho de nosso carro tanto porque a maioria de nós tem uma repulsa natural ao assassinato --a emoção produzindo a moral, como defendia David Hume-- e também porque tememos as conseqüências legais de tal gesto --a razão, segundo a concepção de Immanuel Kant. O ponto que Hauser procura enfatizar, entretanto, é que a moral é um instinto, operando independentemente de razão e emoção. Aqui, ele se aproxima das idéias de John Rawls.
Esse é um campo que vem recebendo grande atenção de psicólogos evolucionistas e tem como matéria-prima os dilemas morais. É nesse ponto que os experimentos de Hauser trazem novos e fascinantes "insights". O autor propõe uma série de situações difíceis e nos convida a dar soluções. Também apresenta os resultados de suas entrevistas. São mais de 60 mil pessoas, gente de diversas etnias e com diferentes "backgrounds" que responderam ao questionário "on line" (não chega a ser uma amostra representativa do globo, mas não é um "n" desprezível). Você, leitor, também pode participar, clicando no site do teste.
Vamos ver alguns exemplos: Denise é passageira de um trem cujo maquinista desmaiou. A locomotiva desembestada vai atropelar cinco pessoas que caminham sobre a linha. Ela tem a opção de acionar um dispositivo que faz com que o comboio mude de trilhos, e, neste caso, atinja um único passante. Denise deve acionar a alavanca? Cerca de 90% dos entrevistados cederam à razão utilitária e responderam que sim. É melhor perder uma vida do que cinco.
Hauser então coloca uma variante do problema. Frank está sobre uma ponte e avista um trem desenfreado prestes a abalroar cinco alegres caminhantes. Ao lado dele está um sujeito imenso, que, se lançado sobre os trilhos, teria corpo para parar a locomotiva, salvando os cinco passantes. Frank deve atirar o gordão ponte abaixo? Aqui, a maioria (90%) responde que não, embora, em termos puramente racionais, a situação seja a mesma: sacrificar uma vida inocente em troca de cinco.
A constatação de que as respostas estão além da razão (pelo menos em sua expressão utilitarista) e da emoção é um argumento poderoso em favor do instinto, que é ainda reforçado pelo fato de representantes de grupos bastante diversos terem dado respostas muito semelhantes nestes casos.
Hauser sustenta que nosso "software" moral opera em torno de parâmetros como tipo de ação (se pessoal ou impessoal, direta ou indireta), conseqüências negativas e positivas e, principalmente, a intencionalidade. No fundo o que difere a ação de Denise da de Frank é que o sacrifício do passante solitário é uma espécie de efeito colateral (ainda que antevisto) de uma ação que visava a salvar cinco pessoas. Já atirar o gordão seria um ato intencional, um homicídio ainda que com o objetivo de obter um bem maior. Estamos aqui, se quisermos, diante da materialização empírica do imperativo categórico kantiano, que nos proíbe de usar seres humanos como meio para obter um fim (mesmo que nobre). Se assim não fosse, um médico estaria livre para capturar um sujeito saudável que passasse diante do pronto-socorro e, arrancando-lhe rins, fígado e coração para transplante, salvar a vida de quatro doentes.
Os experimentos mentais podem multiplicar-se e ficar bem mais sofisticados. E se, em vez da vida de cinco pessoas, o que estivesse em jogo fosse uma cidade inteira de 5 milhões de habitantes? Com números assim superlativos não seria lícito matar o gordão mesmo que intencionalmente?
Para além da riqueza de dados e novas perspectivas, "Moral Minds" oferece farta munição para destruirmos algumas "idées reçues" (idéias recebidas) renitentes. Uma falsa crença com a qual sempre me vejo às voltas quando incorro em textos ateus é a de que a religião é a fonte do comportamento moral das pessoas. Besteira. Como Hauser mostra de forma muito competente, a moralidade é tributária de um instinto que se consolidou no homem muitos milênios antes do primeiro padre celebrar a primeira missa. O que a religião fez, além da tentativa de usurpar para si a ética, foi despi-la de seus parâmetros variáveis e congelá-la no tempo, proclamando-a una e eterna. A menos que imaginemos um Deus racista, que faça questão de condenar todos os fores, de Papua-Nova Guiné, (canibais) e todos os faraós ptolomaicos (incestuosos), entre muitos outros povos e grupos que violam comandos bíblicos, temos de concluir que a moral é assunto complicado demais para ficar apenas nas mãos de religiosos.

Hélio Schwartsman, 42, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.
Puts, sabia q a Chico's Bar estava se expandindo para meios ultra conservadores... essa editora me orgulha!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Cadê?

Cadê? Cadê a verdade, o verossímil, o animado? A mentira é parada, o estático finge a realidade. Finge de verdade. Porque limitamos as coisas não as possuímos, não seremos jamais as coisas. Sou o que admito não estar fora de minha consciência – mas quem deu o estatuto de norma à consciência? Se ser define Deus, me define também. Mas não sou somente, sou algo. A impossibilidade de falar o que sou não implica que eu somente seja, apesar de que qualquer coisa que seja dependa de, invariavelmente, da minha condição de ser. Em que me preenchem definições? Sou no mundo, e por isso sou enquanto relacionado com o mundo. Homem, defina-se; racional; defina-se. Mas que não se esqueça de que sou social, e daí uma Política, e daí uma linguagem, e daí um bem agir referente a mim, mas não fora do contexto do outro. Minha consciência de mim me define como estando em mim, e só tenho essa noção devido ao que está fora, onde não me reconheço. Mas como dependo das coisas para ser essa consciência egoísta! Como me livro do outro para me afirmar ser quando o sentido de ser está tão intrinsecamente ligado ao que está fora de mim!
Qualquer predicação ao meu ser supõe um outro, mesmo que imaginário, que complete minha incompletude de predicado. Qualquer predicação do meu ser me lembra que sou em relação a algo, e por isso dependente. E isso não se rompe no tempo: a relação é contínua. Tudo começa pelo próprio eu: algo que me limita na existência do mundo como ser separado desse mundo, e portanto dependente desse mundo para ter sentido. O livre seria ser somente: poder afirmar “SOU!”, e por mera possibilidade teórica, pois o somente ser não seria um ser que age – no caso afirma nada. Desse ser não teria-se notícia, pois nenhuma ação teria. Seria imóvel, enquanto completo. E nunca poderíamos ser plenos enquanto pensássemos, pois pensaríamos sobre algo e em relação deixaríamos de ser plenos, ser somente.
Mas não sou livre. Tenho o outro. E vocês também têm. Bobeira de Deus! Na nossa imperfeição somos perfeitos, na nossa incompletude nos completamos. O tempo eterno, se há, faz parte da minha existência... Será que a superação do indivíduo através da derrubada de alienações demora muito? O bobeira!!! De qualquer forma, temos uns aos outros. É nisso que prefiro acreditar. E vocês? Acreditam em quê? Só não me digam que acreditam demais em vocês.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Jogos em flash

www.friv.com

Ótimo site de jogos em flash

Na minha opinião os mais massa são

Bible Fight e Bloxorz

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Temos bananas

Yes, nós temos pierrôs
O arco de oxóssi nas mãos do Cristo Redentor
Temos ioiô e iaiá
Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar
Yes, nós somos o carnaval
Temos o corpo blindado, não tem nada igual
Temos a Carmem Miranda
Temos café e também temos o samba

Yes, nós temos o amanhã
A Virgem Maria sem culpa, e sem sutiã
Yes, nós temos a lua
Quadra de tênis e meninos de rua
Yes, nós somos mulatas
Temos loirinhas, rios e matas
Aqui sempre dá o que quer que se plante
Temos roleta-russa e roda gigante e a bossa nova

Temos bananas, temos bananas
E temos o sol pra rasgar nossas retinas
Temos bananas, temos bananas
E temos o céu pra agradar nossas meninas

"A minha esperança é um sol que brilha mais
Este sol iluminará nossos passos
Pela harmonia universal dos infernos
Chegaremos a uma civilização"

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

B-Sides

Pra quem curte sons alternativos

http://younghotelfoxtrot.blogspot.com

Muito bom!!!

Então é isso....

Cara, pra que serve um blog?? Ainda mais chamado subjetividade coletiva...

a gente fala, fala, fala e tudo o que fazemos é continuar falando, e vamos continuar falando até que morra ou alguém nos mate. Ou me mate, sei lá. Vou ficar esperto agora. rsrsrsrs. Mais fácil morrer sozinho. Tem gente que cansa de ouvir e ler as mesmas coisas. Você não cansou ainda? Não tem mais nada pra inventar, pra falar, nada. Tá tudo perdido cara, e vai acabar tudo do mesmo jeito. Fazer o quê, não acha? Fazer o quê?!?!?! Nada. Vai trabalhar cedo, estudar um pouco, ficar com alguém, come, bebe, dorme. E daí?

Quem ta ligando pra você? Ah!!! Que bom que tem alguém que liga pra você. Eu também ligo pra alguém. O mundo tá perdido. Você sabe disso. Então porque continua insistindo? Insistindo no quê? Acho que não quer que as coisas fiquem piores pra você. Mas também não faz o seu melhor. Ah!!! garanto que não.... Porquê??? É muito chato, eu sei. Já parei pra pensar por que não faço o meu melhor. Tem um montão de coisas pra te distrair pelo meio do caminho. É difícil ficar esperando a hora certa pra fazer as coisas. Daí fazemos cagada... Ou não!

To cansado de política, to cansado de patrão, to cansado de universidade, de pagar conta. Vou parar de fazer isso? Ainda não dá né!

Conhece alguma música que começa legal e você nao esquece mais, mas tem uma parte chata pra cacete, dai você fica voltando pra ouvir sempre o mesmo trecho legal? Daí um belo dia, escuta outra e gosta e se depara com a mesma situação? Me lembra a vida isso. Acho que é por isso que tem gente que se mata. Quanto seria um salário bom pra você?? E desde quando salário é bom? Quem será que dá as ordens hein?!?!?! Eu to achando que tem alguém por trás de tudo isso. Tá tudo estranho ultimamente. Não acha? Acostumou né? Eu também já estou um pouco. Veja bem, a possibilidade da coisa melhorar não existe. E quando paro e penso; porra, até o planeta tá ficando maluco, mas vou fazer o que? Entrar pro greenpeace? hahahaha, nem fudendo.

Se eu ficasse rico, milionário, agora... O que será que eu faria??
Enviar um navio de presente pro Papa... Essa alguns já sabem, e também nem foi minha essa idéia, mas deixa prá lá. Porém, de tudo que eu pudesse fazer, a mais provável seria morrer. Pra quem acredita em céu, morrer não é problema. Ainda não sei no que acredito. Complicado ter certeza de alguma coisa hoje em dia... Ou não! Gostar de ficar sozinho é normal? Minha cabeça realmente não funciona direito. Sabe, parece que todo programa da televisão brasileira é uma piada. Será que só os programas brasileiros? Festa é bom também. Foda é ter que ficar se comportando. É que tem gente que tem um sério problema, por exemplo, às vezes o cara não se acostumou com o clima de farra, ou talvez não bebeu o suficiente, a terceira alternativa eu não sei qual é.

Tem gente que não exerce a parte emotiva do cérebro. Tem aqueles que vão na igreja, tem aqueles que vão pra cadeia, tem aqueles que só observam. Tem gente pra tudo!!!!!!! Tem até gente que não existe! Será que tem um jeito de consertar tudo isso?? Mas antes pergunto: Será que tem algo errado nisso tudo? Mas também se fosse tudo certinho não teria graça. Nem piada pra sair na TV. Fico pensando... deve haver um jeito de fazer coisa errada de maneira certa...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

De volta a infância...

Ae pessoal
Releituras de obras de arte por Maurício de Souza

http://www.monica.com.br/cards/w-quadroes.htm

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Senna testando

Achei estes vídeos através do blig do gomes, conhecido por boa parte daqueles que curtem automobilismo (para quem não conhece: http://bligdogomes.blig.ig.com.br/)... eles mostram Senna testando a Willians que o mataria dois meses depois para tentar desenvolve-la rapidamente, já que o carro não era lá estas coisas...

filmagem amadora, bem interessante;




continuando:


O rei e o bobo

O corpo editorial dos conglomerados Chico's reuniu-se em assembléia extraordinária na madrugada desta segunda feira e decidiu-se de forma unânime que a campanha de desmitificação será abandonada... afinal, rótulos não combinam com a universalidade (mundialidade, brasilidade, cristandade, sandicidade, etc.) da nossa querida editora, e isto é tão "evidêntico" que os paspalhões do maniqueísmo nem merecem resposta... porque aqui o papo é reto manô!


O rei e o bobo


As coisas são mais simples do que parecem. Ou mais complicadas. Decidam vocês. Ao longo da vida, li abundantemente sobre Churchill e o papel do estadista inglês na Segunda Guerra Mundial. Mas nenhum livro do mundo pode suplantar a experiência pessoal de visitar a casa onde Churchill nasceu e cresceu. "Casa", aqui, é provocação: Churchill nasceu em Blenheim, um palácio gigantesco, como não existe nenhum em Portugal, a alguns quilômetros da cidade universitária de Oxford.

Certo dia, decidi visitar a "casa" do homem e, confrontado com a desmesura do espetáculo, entendi a personagem. Churchill era um aristocrata e nenhum aristocrata poderia permitir que a Europa fosse conquistada por um reles soldado austríaco, de bigode ridículo e maneiras provincianas. A observação não é politicamente correta, eu sei. Mas as coisas são como são.

Sim, na Segunda Guerra era necessário salvar a Inglaterra e a Europa de uma tirania inumana. Mas quando lemos os discursos de Churchill contra Hitler, discursos escritos ainda durante a década de 1930, é impossível, depois de conhecer o berço, não ouvir a indignação de um aristocrata inglês, amante da liberdade e feroz opositor do centralismo tirânico, sobretudo de um centralismo tirânico vindo diretamente da criadagem.

E não excluo que, nos seus momentos mais pessoais, o velho Winston até imaginasse o boçal Adolfo, entrando pelos salões de Blenheim adentro, com suas botas enlameadas e na companhia de gangsters tão boçais quanto ele. Impossível não sentir um arrepio de horror pela espinha abaixo. Churchill é o exemplo supremo de como o preconceito de classe, às vezes, é uma garantia de salvação democrática.

A observação não é apenas válida para Churchill. Talvez seja válida para a monarquia como forma de governo. Não sou monárquico, confesso, e não sou monárquico pela razão mais simples: a democracia é o pior regime que existe, com a exceção de todos os outros (Churchill, "dixit").

Mas também confesso que a monarquia pode ter as suas vantagens: ao não ser democraticamente escolhido pelo povo, o rei não sente a pressão popular e a vontade prosaica de conquistar o poder. E pode assim colocar os interesses do país acima dos interesses de um partido.

A posição não lhe permite apenas ver mais longe, com um sentido de história e de continuidade que falta aos seus contemporâneos. Permite que o rei não se sinta obrigado a respeitar o pensamento politicamente correto que, como um vírus, subverte a própria noção de civilidade. Porque só devemos ser gentis com quem merece a gentileza.

E Juan Carlos, rei de Espanha, não foi gentil com Hugo Chávez. Mas por que motivo deveria ter sido? Na 17ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, em Santiago do Chile, o primitivo Chávez entendeu ser seu dever acusar José Maria Aznar, ex-premiê eleito pelos espanhóis, de ser um "fascista". Vindo de Chávez, um herdeiro espiritual de Fidel, a coisa até poderia soar a elogio. Não soou. E depois de Zapatero, atual premiê, ter tentado defender a honra do convento com punhos de renda, o rei disparou um "por que você não se cala?" que gelou a cimeira mas aqueceu meu coração. A grosseria de Chávez só pode ser tratada a tapas e pontapés. Juan Carlos fez um favor a Espanha e, tragicamente, um favor aos venezuelanos.

Começou por fazer mais um favor a Espanha, dos vários que lhe fez com inaudita coragem. Digo "inaudita" porque nada faria prever que Juan Carlos fosse, como de fato foi, personagem central na consolidação da democracia espanhola. Como é possível que um homem talhado para seguir o autoritarismo de Franco tenha sido crucial no período de transição pós-franquista? Provavelmente, por ter entendido que a Espanha mudara em 1970; e que a mudança exigia desmantelar o regime, convocar eleições livres e elaborar uma constituição democrática, a única forma de garantir a unidade do país contra todas as tentativas de fechamento ditatorial. A democracia espanhola e o espantoso crescimento dos meus vizinhos tiveram em Juan Carlos uma referência e um precursor. Até hoje.

Mas Juan Carlos não foi apenas precioso para os espanhóis: ao calar a boca de Hugo Chávez, Juan Carlos também falou em nome dos próprios venezuelanos. Sobretudo daqueles que Chávez manda calar com a sua "Lei da Responsabilidade Social" (belo eufemismo), uma medida literalmente fascista que garante prisão (até 20 meses) para todos aqueles que tenham a ousadia de criticar o presidente.

Uma ousadia que será agravada criminalmente quando a reforma constitucional for aprovada em referendo no próximo mês. Ao permitir a Chávez um reino vitalício e armado, a nova constituição "bolivariana" colocará nas mãos de um caudilho autoritário os frutos do quinto maior produtor de petróleo do mundo. Será um caminho sem retorno para uma Venezuela silenciada e empobrecida, com crime galopante e, ao contrário do que pensam os crentes, com desigualdades sociais que a caridade do Estado, longe de suprimir, acabará por cavar mais fundo ao destruir qualquer possibilidade de investimento e criação de riqueza.

"Por que você não se cala?", perguntou o rei ao novo bobo da corte. O novo bobo não se cala porque, ao contrário dos antigos, ele gosta de montar o circo para esconder, e não para revelar, as mais tristes verdades.



João Pereira Coutinho

sábado, 10 de novembro de 2007

Recolocação no cenário editorial

A Chico's Bar Editoras Confederadas iniciou uma campanha para desmitificar sua imagem como conglomerado de esquerda intelectual elitista... segue uma recente publicação no folhetim "Economia internacional para não iniciados" ja dentro desta perspectiva:


"O presidente da República bolivariana chavista da Venezuela anunciou a compra de cinco novelos de lã e um jogo completo de bolinhas de gude da marca Imendez. Segundo fontes internacionais a compra faz parte do programa de reestruturação das Forças Armadas do colosso latino americano, o que pode levar, segundos analistas ouvidos por esta folha, à uma onda de crescimento emocional com influências globais. Ainda há a expectativa do anúncio de novos cofres de porquinhos (tão bunitinhos!) e chinelas referentes à aliança Caracas-Havana, o que deve acontecer ainda nesta semana.

Do enviado especial Constantino Rosmanm"



Num outro conceituado jornal da marca, mostras poéticas de grandes autores contemporêneos foram publicadas:



"Hugo Chavez quando nasce
se esparrama pelo chão

ele fica lá e jaz"

Marlon Brandison Junior



"No dia em que sai de casa ninha nãe ne disse fio vem cá,
passo a não no neus cabelos e nánánáná..."



Nanílson Flashman - homenagem póstuma


"pirulito q bate bate
pirulito,
que já bateu...
quem gosta de mim? é ela?
quem gosta dela? sou eu..."



interpretação hermenêutica do cancioneiro popular por "Gordin"

A VERDADE ESTÁ NA CARA, MAS NÃO SE IMPÕE ( ARNALDO JABOR )

O que foi que nos aconteceu?
No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, "explicáveis" demais.
Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.
Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados,
e nada rola.
A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação
inédita na História brasileira.
Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos.
Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes, as provas irrefutáveis,mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo.
Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações.
Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se Vingar.
O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder.
Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas.
A verdade se encolhe, humilhada, num canto. E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e comandante em "vítima".
E a população ignorante engole tudo. Como é possível isso?

Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na Fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF.
Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização.
Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.
Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....
Está havendo uma desmoralização do pensamento Deprimo-me: " Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?".
A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua.
Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios.
A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo .
A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.
No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política. Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República.
São verdades cristalinas, com sol a Pino.
E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de "gafe". Lulo-petistas clamam: "Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT ? Como ousaram ser honestos?".
Sempre que a verdade eclode, reagem.
Quando um juiz condena rápido, é chamado de "exibicionista".
Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de "finesse" do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando... Mas agora é diferente.
As palavras estão sendo esvaziadas de sentido.
Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o
país em "a favor" do povo e "contra", recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual.
Teremos o "sim" e o "não", teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional e um voluntarismo que legitima o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois. Alguns otimistas dizem:
"Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!".
(Arnaldo Jabor)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O renascimento de Deus

Agora um texto não tão importante publicado pela Chico's Bar (de vez em quando eles baixam o nível... tcs). Publico aqui somente para sacanear os caros leitores. Notem a auspiciosidade da terceira oração subordinada do parágrafo alfa... total perca de tempo :)


O renascimento de Deus


Sob o sugestivo título de "As Novas Guerras de Religião", a revista britânica "The Economist" dedicou o número da semana passada aos crescentes enfrentamentos inter-religiosos. São várias reportagens recheadas de números e informações. É leitura obrigatória para os que se interessam pelo fenômeno. Como não dá para abordar tudo, vou me restringir na coluna de hoje à questão do "revival" religioso.

Aqui é necessário começar com uma espécie de "erramos". Não, ainda não me converti. O "erramos" não diz respeito a meu ateísmo, mas ao fato de que boa parte da elite branca ocidental julgou ao longo dos últimos 150, 200 anos que a morte de Deus e o advento do secularismo eram favas contadas. Estávamos redondamente enganados.

De fins do século 18, com o Iluminismo, até bem recentemente, parecia de fato crível que o mundo caminhava para tornar-se menos religioso. Afinal, Darwin, Marx, Freud e Einstein provaram duas ou três coisinhas bastante interessantes. Mostraram que o homem, um bicho como qualquer outro, não comanda a história nem mesmo a psique humana. Pior, o próprio Universo funciona sem Deus, que pôde enfim ser reduzido a uma simples metáfora. Só que daí a concluir que a humanidade estava pronta para a emancipação foi um passo maior que a perna.

Tudo parecia seguir o "script". Grupos religiosos mais proeminentes se retraíam. Nos EUA, evangélicos caíram numa espécie de ostracismo após o fiasco da Lei Seca (1920-33) e do julgamento de Johns Scopes (1925), no qual as idéias criacionistas foram humilhadas e judicialmente rechaçadas. Na Europa, as coisas pareciam seguir o mesmo rumo. Ideologias fascistas e comunistas rapidamente tomaram o lugar das religiões tradicionais. Mesmo no Terceiro Mundo, igrejas pareciam ceder terreno a líderes secularistas como Kemal Ataturk (Turquia, anos 20), Jawaharlal Nehru (Índia, anos 50). Também o islamismo dava indícios de que sucumbiria diante do pan-arabismo de Gemal Abdel Nasser nos anos 60. Ao que consta, até o Estado judeu não era tão judeu assim. A "Economist" sugere que David Ben Gurion, o fundador de Israel, um secularista convicto, só concordou que a lei rabínica fosse adotada para regular casamentos e divórcios no país porque estava certo de que os ortodoxos estavam com seus dias contados.

Em 1966, a bem-comportada revista "Time" estampou em sua capa a pergunta "Deus está morto?". Em 1999, a própria "Economist" publicou em sua edição do milênio o obituário de Deus. Foi precipitada. A ex-secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright recorda-se de uma ocasião em 1990 em que um diplomata que negociava a paz na Irlanda do Norte se queixou: "Quem vai acreditar que, no fim do século 20, ainda estamos lidando com um conflito religioso?".

Também nos anos 90, nós da imprensa relatamos o conflito na antiga Iugoslávia como uma disputa étnica entre sérvios, croatas e bósnios. Não está errado, mas também é possível descrevê-lo como uma guerra entre cristãos ortodoxos, católicos e muçulmanos. Tudo depende de querermos enfatizar os componentes políticos ou os religiosos da contenda.

Mas veio o 11 de Setembro e a idéia de um futuro secular ruiu. Olhando retrospectivamente, é fácil encontrar sinais de que as coisas não caminhavam exatamente como nós pensávamos. Para sermos rigorosos, era o avanço do laicismo especialmente na Europa (e nas comunidades acadêmicas do Ocidente em geral) que se afigurava como uma exceção à regra religiosa _uma coisa de elite. Nos EUA, a freqüência da população a cultos não chegou nem mesmo a experimentar uma queda importante. No Terceiro Mundo, apesar das iniciativas de um ou outro líder nacionalista, a religião jamais esteve seriamente ameaçada. Às vezes nos esquecemos da força da demografia. A China, apesar de no papel comunista e atéia, será muito em breve a maior nação cristã do planeta. E a maior muçulmana também, sem mencionar, é claro, que sempre reuniu o maior número de adeptos do confucionismo, taoísmo etc. Só não será a maior nação hinduísta, e isso porque a Índia é uma outra potência populacional.

O que mudou então, que nos fez passar da previsão de um futuro sem religião para as novas guerras de religião? Certamente não foi apenas a nossa percepção após o 11 de Setembro.

A tese da "Economist" que eu acompanho é a de que são as variedades mais virulentas de religião que estão prosperando e ganhando adeptos. O catolicismo, por exemplo, perde fiéis para grupos pentecostais que praticam o exorcismo e fazem com que o praticante receba ordens diretas de Deus, entre outras manifestações psiquiátricas. Também vão muito bem no mercado da fé os fundamentalistas muçulmanos que atiram aviões em edifícios ou que se explodem diante de creches no Iraque. Para o bom e verdadeiro muçulmano sunita da escola wahabita, afinal, uma criança muçulmana xiita está em imperdoável erro teológico e não pode ser salva. Melhor que morra de uma vez abrindo as portas do paraíso a seu executor. O problema é o islamismo que é violento? Talvez o Alcorão instile mais pensamentos mórbidos em seus seguidores do que outras fés, mas o fato é que qualquer religião ou sistema de crenças dogmáticas (aí incluo marxismo, fascismo nazismo etc.) pode levar a sandices semelhantes. Afinal, foram os adoráveis Tigres Tâmeis, que praticam o pacífico hinduísmo, que inventaram a tecnologia dos homens-bomba, rapidamente exportada para outras partes do mundo.

Parece estar operando aqui algum mecanismo de "feedback positivo". Uma série de reações e contra-reações entre grupos que interagem deflagrou uma espécie de corrida armamentista. Israel, por exemplo, para combater a OLP de Iasser Arafat, estimulou jovens palestinos a freqüentarem as mesquitas. Estava ajudando a criar o Hamas. De modo análogo, a resposta dos EUA ao 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque, está levando a uma maior radicalização dos núcleos fundamentalistas islâmicos, que ganharam ainda campos de treinamento onde aperfeiçoam suas técnicas assassinas. O terror islâmico também tornou mais hostis e violentas as milícias hinduístas na Caxemira. No Paquistão, o general Pervez Musharraf acaba de dar um golpe de Estado, com o apoio dos EUA, para não ser derrubado por grupos muçulmanos que o recriminam justamente por receber apoio dos EUA. É difícil dizer onde termina esse tipo de movimento.

A receita para combatê-lo, entretanto, é conhecida e permanece a mesma desde o século 18: Estado laico e democracia. Praticar uma religião é perfeitamente legítimo. Trata-se, afinal, de atividade que pode proporcionar prazer a seus adeptos e oferecer-lhes oportunidade de reforçar vínculos sociais. É como pertencer a um círculo literário, fazer esporte ou freqüentar sites pornográficos --cada um sabe o que é melhor para si. Embora sempre vá existir uma certa tensão entre crenças religiosas distintas, as diferenças podem ser mantidas em níveis civilizados, desde que todos os grupos renunciem a impor sua verdade aos demais.

É claro que não o tão é fácil, pois o eleitor religioso tende a levar suas convicções espirituais para a urna o que, dependendo do perfil demográfico do país, pode fazer com que uma maioria religiosa se aproprie do Estado quebrando a frágil trégua. Daí a importância de inscrever o laicismo como uma garantia fundamental, ao lado dos direitos universais do homem.

Embora difícil, a tarefa não é impossível, dado que todas as religiões são minoritárias em alguma parte do globo.

Quanto ao ser humano, num ponto ele de fato difere dos outros animais. Insiste em prestar reverência a uma hipótese implausível, que se provou desnecessária e, nos dias de hoje, tem-se mostrado mais destrutiva do que agregadora.



Hélio Schwartsman

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sem essa eu n durmia...

A Chico's bar Editoras Confederadas me surpreende a cada novo lançamento... nunca pensei que uma notícia de um de seus inúmeros folhetins diários pudesse me tocar tão fundo ao ponto de eu repensar as atitudes de minha vida...


Estudo indica que foto de Paris Hilton alivia dor de ratos

Cientistas da Universidade de San Diego, no Estado americano da Califórnia, afirmaram que uma foto de Paris Hilton teria a capacidade de aliviar a dor nos ratos do sexo masculino. O estudo foi apresentado durante um congresso da sociedade americana de Neurociências.

Os pesquisadores perceberam que, depois de uma injeção dolorosa, os ratos do sexo masculino passavam menos tempo lambendo a ferida (sinal utilizado para determinar a quantidade de dor provocada) se na gaiola houvesse uma foto da socialite.

O efeito, que desaparece se a foto é retirada, não foi notado nos ratos do sexo feminino. A pesquisa também concluiu que os ratos, após o "encontro" com Paris, apresentam níveis mais baixos de proteína na parte da medula espinhal responsável pela transmissão da dor.

Os próprios cientistas colocaram em dúvida as propriedades terapêuticas de Paris Hilton. Para eles, a imagem provavelmente age nos hormônios do estresse.

"Os ratos vêem os homens como potenciais predadores e por razões desconhecidas este efeito funciona mais com os machos", explica Jeffrey Mogil, que conduziu o estudo.

A teoria é confirmada por outros estudos conduzidos com imagens muito menos agradáveis, como gatos em poses ameaçadoras. Neste caso, as cobaias também sentiam dores menos intensas.



oui, nous avons paris \o/

domingo, 4 de novembro de 2007

Futebol filosófico... lembranças ao discumunal!

Mais blues...

http://360grauss-mp3.blogspot.com/2007/03/360gruassblues_2562.html

testemos estes links...

Blues

Descobri um blog bom para aqueles que curtem... bastante coisa para baixar :)

http://www.blueseveryday.blogspot.com/

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

RPG faiado...

Aqui um quase roteiro de rpg que quase foi jogado que quase viro o primeiro livro duma série que quase empolgo.... hauhauhauihia


Pra fala que na Uem não se trabalham mentes....


Os seres humanos não estão sozinhos na Terra. De forma quase que irreconhecível, vampiros e demônios de diversos tipos habitam entre nós, sob uma maldição: seres que abandonaram a humanidade e ganharam atributos como a perpetuação eterna da existência e a clarividência se tornam reféns de suas conquistas - suas vidas se tornam de uma eterna angústia e o uso dos poderes leva-os cada vez mais ao inferno interior. Permanecem eternos somente no mundo dos homens, sem domínio dos três tempos da vontade de Deus e isolados da fonte de toda vida da qual Deus é agente.

Estes que pagaram o preço ao Criador coabitam conosco e buscam a única coisa que lhes é possível: o poder terrestre, e fomentam o desejo inconsciente de acabar com a angústia e a dor – em cada pedaço de célula desses seres um ódio emana e seus instintos assassinos voltam-se, como num sonho, contra o mesmo ser: aquele que limitou-os simplesmente por ter-lhes criado, como se a força criadora não lhe transcendesse também. Mas tal força está sob o domínio daquele que chamam de Deus, e contra isso nada pode ser feito – nem mesmo o mais esplêndido ser criado pôde negar-lhe a primazia, sendo condenado a se afastar da verdade da vida e se alimentar sempre da ruína de seus próprios sonhos, consumindo-os.

Mas a barreira dos três tempos pode ser quebrada, e é a própria força criadora que o permite:

ela está conectada com cada criação, e nem os portais de Deus poderiam barrar-lhe. Algo tão valioso se mostra ao alcance daqueles que desejam a queda do agente da criação, mas apenas seu sucessor poderá se valer disto unindo um exército suficientemente forte para atacar sua força especial: os chamados “Filhos Escolhidos de Deus”, os anjos mais poderosos do império divino que atrelam a misericórdia divina à fúria das “Santas Espadas”. Estes escolhidos se assemelham a Lúcifer, que os liderou por boa parte de seus caminhos, e se verão intimamente ligados ao conflito entre o Criador e o tutor que os guiou tantas vezes como exemplo. A causa poderá ser ganha por quem mantiver os Escolhidos ao lado, e aquele que agora os lidera se aproxima perigosamente de seu antigo capitão.

A guerra supra temporal se aproxima, maldade e bondade se relativizam e o poder por um força de criação movimenta o sub mundo abaixo de nossos cotidianos. Quais mistérios estão por trás da natureza de Deus? Será ele um despótico dono do poder que usa assassinos docemente criados com faces de anjos? Lúcifer, o sucessor, poderá ocupar o lugar que a ele predestinou-se um dia? Como poderá transcender a barreira dos três tempos de Deus e enfrentar a fúria implacável dos Escolhidos? E como os Escolhidos lidarão com o maior paradoxo da criação: a liberdade?

São eles seres tão apaixonados quanto Lúcifer, e a dor em matar cairá em cada um deles ao tentar impedir o irmão de dominar os tempos criados. Eles mesmos odiarão, e serão subjugados por emoções dos tolos homens, origem do mal que visam exterminar. A pureza os abandonará, e sangue manchará as penas brancas símbolos de sua santidade.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Biblioteca Digital

O site http://www.dominiopublico.gov.br possui um grande acervo de obras e este site pode ser tirado do ar pois o número de visitas é baixo. Vamos ajudar a divulgar este projeto!

domingo, 28 de outubro de 2007

Entrevista: Appel

Entrevista com Emmanuel Appel, professor de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, referente à mesa redonda ocorrida em 19 de setembro de 2006 com o tema A Filosofia e a Sociologia no ensino médio: conquistas e desafios, na qual o entrevistado palestrou em conjunto com a professora Ileizi Fiorelli Silva, da Universidade Estadual de Londrina. A mesa ocorreu dentro da programação dos eventos IV Seminário de Ciências Sociais: diferentes olhares sobre o contemporâneo e I Simpósio de Filosofia: pensamento e poder, ambos organizados pelo Departamento de Ciências Sociais da UEM. Entrevista realizada pela acadêmica Nathalia Muylaert Locks Guimarães para a segunda edição do jornal Subjetividade Coletiva.

Subjetividade Coletiva: A filosofia tende cada vez mais a fazer parte dos concursos vestibulares. Essa é uma preocupação no nosso curso... Como ensinar filosofia ao mesmo tempo em que há a cobrança para que ensinemos somente aquilo que cai no vestibular?

Appel: Como eu começaria a respondendo a tua questão, que é uma questão complexa, boa... Eu iniciei na verdade há pouco tempo à partir de um encontro do Fórum Sul-brasileiro nesse último final de semana em Porto Alegre, comecei a perceber que nós devemos pensar em ampliar o ensino médio. Até onde eu estou informado, eu acho que estou certo no que vou te dizer, ensino médio é uma unidade em si mesma. Ele possui, para usar uma expressão mais técnica, uma terminalidade. Ele deveria preparar o educando para a vida, com todas as implicações que esta expressão possui. Portanto, o ensino médio não está nem voltado para o vestibular e nem está imediatamente voltado para o mercado do trabalho. Se bem que tanto o vestibular quanto o mercado do trabalho sejam importantíssimos. Nós, lá na (Universidade) Federal do Paraná em Curitiba, quando defendemos a presença da filosofia no vestibular tínhamos uma pretensão muito clara: de que nós poderíamos pautar, por assim dizer, os conteúdos do ensino médio. Confesso que foi uma pretensão, até certo ponto, descabida de nossa parte; na verdade foi, digamos assim, uma esperteza jacobina-prussiana imaginar que nós poderíamos fazer tanto. Mas, ainda sim, eu acredito se nós no vestibular optarmos, como nós estamos fazendo lá em Curitiba, por privilegiar grandes textos de filosofia e com provas dissertativa nós estamos redirecionando o vestibular porque estamos eliminando os testes de múltipla escolha, a filosofia só entra numa segunda fase e sem testes de escolha, são todas respostas que supõem uma redação, até porque é possível dizer que os limites do meu mundo, se eu pegar por exemplo o primeiro Wittgestein, os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem. E até uma Segunda ordem, digamos assim, para que eu bem freqüente uma instituição que tem aspectos tradicionais e conservadores, como é a universidade, além de Ter extraordinários aspectos emancipadores, ela tem também aspectos conservadores. Eu preciso pensar de acordo com as convenções gramaticais e lingüisticas vigentes, digamos assim. Então eu acho que quando nós estamos apostando nos textos nós estamos sinalizando como é que deve ser o ensino médio, eu até acredito que nesses primeiros anos, nesse dois primeiros vestibulares, os alunos tenham talvez mais dificuldades, porque ela não estava implantada como disciplina obrigatória. Eu acho que por ai nós temos alguma possibilidade de caminhar nessa questão. E eu ainda diria mais, se nós não vamos, se nós não temos a pretensão de pautar o ensino médio público, até porque as secretarias estaduais possuem quadros e vêm como é o caso da secretaria estadual do Paraná vem já alguns anos promovendo encontros e produção de texto e por iniciativa dos professores que trabalham no ensino médio, então, com exceção do setor público, no setor privado eu acredito que a nossa influência possa ser altamente positiva, no sentido em que o setor privado também busque uma excelência, digamos assim, próxima desta que eu estou te apresentando.

Subjetividade Coletiva: Quando a gente trabalha com textos clássicos precisamos que os alunos tenham acesso a eles; assim temos um problema: por exemplo, são quatro obras que Federal começou a pedir para o vestibular dela; então deveria-se comprar quatro livros por aluno no ensino público. Como que o governo vai pagar por tudo isso?

Appel: Esses livros não são tão caros, e assim como existem já edições de grandes obras primas da literatura universal em papéis menos sofisticados que nós encontramos nas bancas, eu acho que o mesmo pode ser feito com os textos dos grandes filósofos. Eu defendi muito que nós... nós tivemos essa preocupação, inclusive outros textos nós tínhamos selecionado, chegamos a quatro mas a idéia inicial era seis, depois passamos para cinco, concluímos em quatro porque fizemos uma pesquisa das edições, dos preços, da disponibilidade desses textos nas livrarias, em última instância, se tivesse, por exemplo, entrado um texto do Kant de dez páginas como é o caso do texto Resposta a Pergunta : O que é o Iluminismo, este texto eu já estava articulando com a Editora da Universidade para que pudesse imprimi-lo, é um texto de dez páginas, isso até teria sido possível mas daí os prazos não nos permitiram tanto, então essa sua pergunta faz sentido. Ainda sim eu acho melhor que o Estado banque alguns desses textos, não é, porque provavelmente há muita publicação desnecessária por aí, e esses textos não podem ser chamados de tesouros da juventude, como queiram, patrimônios culturais da humanidade, são textos que podem servir a família toda. Aliás eu sonho muito com isso, com essa idéia de que a permanência de alguns desses clássicos possa formar algumas frações de geração e que isto contamine a família como um todo, porque em geral os pais se interessam muito pelo vestibular dos seus filhos, é um momento em que eles estão sendo lançados na sociedade civil, segundo certos aspectos se nós pensarmos no esquema hegeliano é uma espécie de despedida da família, depois da família cumpre um pouco a sua tarefa que é de preparar o seu filho para os interesses particulares, egoístas na sociedade civil, é o momento em que ela verá se o filho que preparou está pronto para luta, então ela acompanha isso de perto.

Subjetividade Coletiva: Você falou ontem na palestra que a gente deveria seguir um padrão crítico, radical. Só que por exemplo, na Universidade, os cursos de Filosofia em sua grande maioria são ensinados de uma maneira estrutural. Se nem as Universidades formam críticos, como ensinaremos crítica ao Ensino Médio?

Appel: Eu não concordo tanto assim que a Universidade não tenha se preocupado com a formação crítica, mas vamos aqui recuperar o que nós estávamos dizendo ontem, na verdade assumi uma palavra de ordem de uma professora que leciona nos Estados Unidos e que é estudiosa da Escola de Frankfurt, e que compareceu em Amsterdã a um Congresso Walter Benjamin, e dela foi o grande acontecimento desse Congresso, porque lá pelas tantas sendo muito fiel ao Walter Benjamin ela afinal se pergunta: o que que nós estamos fazendo aqui, nós intelectuais universais?, e respondendo sua própria questão ela diz que se nós quisermos ser fiel a um pensador como este que estamos estudando que chegou a pensar a história, a possibilidade da história a contra pelo e que se colocou na perspectiva dos oprimidos, o Walter Benjamin tem uma frase nas teses a cerca da filosofia da história que eu acho que esclarece bem o que eu quero dizer pra você , ele vai dizer que para os condenados da terra, digamos assim, para os oprimidos, para os sacaneados pela sociedade de classe, a exceção é a regra, portanto se a exceção é a regra para um conjunto muito grande de pessoas trata-se de forjar um conceito de história e um conceito de filosofia que esteja a altura desse imenso problema, e ela então a partir daí propõe o que ela chamou de uma “mini namoralia”, que seria o seguinte: nós temos que dar um jeito de garantir que as novas gerações sejam capazes de receber o que ela está chamando de uma tradição crítica radical e radical aí, no sentido de apanhar, de tomar, de capturar as coisas pela raiz, de ir ao nó da questão. Um outro pensador que colocaria a questão também de forma muito parecida, se bem que em noutro contexto, é Jean Paul Sartre. Sartre dirá nos seus estudos acerca do intelectual que intelectual que não for de esquerda é uma contradição em termos, por que que seria uma contradição em termos, porque somente ele teria condições de assumir a racionalidade e a radicalidade que são inerentes à função do intelectual, evidentemente que eu compreendo a sua questão , não seria ingênuo de afirmar que a Universidade tenha assumido essa máxima, eu até ontem disse que essa máxima faria sentido se assumida institucionalmente não por um voluntarismo esquerdista deste ou daquele professor, mas de qualquer maneira eu também estou apontando esta radicalidade que eu estou aqui propondo, ela decorre um pouco dessa perspectiva bem jaminiana: eu tenho que enfrentar aqueles problemas que são mais dramáticos, nós temos hoje, nós não podemos fazer de conta que os imensos problemas que atravessam a nossa sociedade não nos dizem respeito e se eu faço filosofia se eu penso incluindo a perspectiva dos excluídos, o que que resta a um excluído senão a perspectiva da crítica, perspectiva essa que pode ajuda-lo a se organizar, pode ajudá-lo com esta organização encontrar meios de defender seus interesses mais elementares.

Subjetividade Coletiva: Esta aparente falta de professores de filosofia dado esse que é deduzido de inúmeros casos onde aulas já existentes são ministradas por professores de outras matérias. É apropriado implantá-la de forma obrigatória neste momento, e digamos assim, qual seria o outro profissional mais apropriado para ministrar essa disciplina? Porque há uma falta!

Appel: Suas perguntas são todas muito bem pensadas. Nós temos que tratar essa questão com a maior objetividade possível, nós não temos um levantamento claro dessa situação, eu tenho algumas suspeitas. Trinta e cinco anos se passaram desde que ela foi suprimida por iniciativa da ditadura militar brasileira, nos chamados anos de chumbo da ditadura, início do período médio,1971, sendo ministro Jarbas Passarin, é possível acreditar que apesar dessa supressão no ensino médio ela se manteve num número expressivo de instituições então muita gente foi sendo formada em filosofia nesses anos todos. A crise é muito mais grave do lado da matemática, do lado da física aliás isso é uma tragédia nacional, a quem diga que falta ao Brasil cem mil professores, é um número assustador,

Subjetividade Coletiva: Ouvi falar já de trezentos...

Appel: Ouviu falar já de trezentos? Bom, o número é muito grande e o prazo que está sendo dado está levando em conta informações pelo próprio MEC de que eu não sei te precisar, mas de quinze a dezessete estados, já a algum tempo ela vem sendo progressivamente, mesmo no chamado viés da transversalidade, ela vem sendo implantada. Há alguns estados que já tinham decisões legislativas e de seus conselhos estaduais para a implantação, se eu pegar o exemplo do Paraná, a nossa situação não é tão dramática porque a Secretaria de Educação vem fazendo isso, há mais de oitocentas escolas que já teriam filosofia, um número menor já tem sociologia, há uma decisão do Conselho Nacional de Educação e recentemente questão de dois a três meses atrás, o projeto de lei do deputado Ângelo Vanhoni foi aprovado por unanimidade em primeira e segunda votações e dias atrás, duas a três semanas atrás, menos, o governador Roberto Requião sancionou esta lei. Então, aqui no Paraná estamos amparados por um parecer do CNE que repôs as coisas no lugar, tomou a decisão de sepultar o parecer 3/98 que foi o parecer que jogava a filosofia e a sociologia nesse viés da transversalidade e além disso temos essa decisão estadual. Então aqui eu não vejo como sendo um grande problema eu voltei agora de Aracajú, estive na semana passada em Aracajú, e percebo que lá a situação é bem mais difícil, não há ainda um grande engajamento sequer do departamento de filosofia, se bem que a partir de agora esse engajamento começa a se dar de forma eloqüente com a compreensão por parte de muitos professores, é importante entrar nessa discussão. Eu acho que nós teríamos que buscar para que isso acontecesse, nós teríamos, não sei se estou saindo muito da pergunta que você fez mas, com a colaboração dos Conselhos Estaduais, das Secretarias Estaduais, dos Departamentos de Filosofia, dos Sindicatos de Professores, das Associações de Professores, nós temos condições de num prazo razoavelmente bom, colocar boa parte desses professores que não foram formados em filosofia por um programa de formação continuada acho que nós teríamos condições de prepará-los para que aos poucos então as Secretarias possam fazer concursos e contratar efetivamente professores formados em sociologia e filosofia.

Subjetividade Coletiva: Você falou ontem em sua palestra que a gente deve definir um intenso programa de leitura. Eu queria saber se quando você fala nesse projeto educacional, isso se reduz só a filosofia ou seria interessante também, por exemplo, colocar na matemática se você fosse estudar um Pitagóras, como colocou lá, a gente deveria procurar na fonte também, ou isso seria mais do aspecto da filosofia?

Appel: Eu não tenho muita certeza de como eu poderia te responder a essa questão, eu não me sinto em condições para pensar em como isso poderia ser feito na matemática, o que me parece claro é o seguinte: eu poderia imaginar se bem que correndo riscos, de que a história da medicina não seja tão vital para a formação de um médico quanto é a história da filosofia para a formação de um professor de filosofia. É um exemplo meio arriscado mas vá lá: é possível embora eu próprio não concorde com isso interpretar que a história da medicina seja sobretudo uma história dos erros médicos e quando nós procuramos um médico nós queremos resultados para resolver o problema que nos levou ao médico, então aparentemente se poderia, se eu partir do pressuposto de que a história da ciência médica fosse apenas uma recuperação de informações a cerca dos erros cometidos, certamente é mais do que isso. Não sei se a comparação efetivamente ajuda mas no caso da filosofia não é possível fazer a filosofia sem freqüentar os filósofos, o estudo da filosofia é inseparável dos textos dos filósofos e o estudo da filosofia por esse motivo também é inseparável da história da filosofia. O conceito de formação que eu fiz referência ontem implica uma clara relação com o tempo, implica em que tenhamos condições em aprender com o passado, recuperar as suas esperanças e com base em algumas dessas esperanças questionar o presente. Acho que você poderia repetir novamente essa questão? Eu quero ver se eu entendi bem.

Subjetividade Coletiva: Você falou de um programa intensivo de leitura de textos, eu gostaria de saber se isso é restrito só para a filosofia ou se com o tempo a gente deveria implantar isso também em outras disciplinas, como por exemplo a matemática?

Appel: Não, isso está bem claro. Eu por exemplo estou advogando embora evidentemente que é muito fácil eu advogar isso não conheço bem a realidade, não sei responder no caso aí da matemática mas, eu acho que a sociologia poderia fazer o que nós estamos fazendo. A história da sociologia tem alguns clássicos que já poderiam começar a ser freqüentados no ensino médio, a história da sociologia tem nomes de sociólogos... por que que não se poderia discutir no ensino médio dois capítulos da Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo do Max Webber? É claro que eu não estou propondo que se faça no ensino médio mais do que é possível mas, não consigo entender por que que levar essa discussão, eu tenho uma experiência muito pequena, eu fui professor no Colégio Estadual do Paraná, e tomei a iniciativa de substituir os manuais que estavam sendo estudados eram alunos, o curso clássico era uma versão do segundo grau, o segundo grau se dividia em CS, Ciências Sociais, também chamado de curso clássico, em CM, Ciências Matemáticas, CB, Ciências Biológicas. Eles tinham um núcleo de disciplinas comum que dependendo se biológica, se matemáticas ou se sociais ou clássicas, havia uma ênfase maior em algumas disciplinas. Anos depois encontrei pessoas que foram minhas alunas nesse período, eram em sua grande maioria moças, o que elas se lembravam mesmo dos cursos e, de certo ponto até me agradeciam foram as discussões que nós fizemos do Sartre, nós lemos um teatro do Sartre, lemos inclusive este livro: O existencialismo é um humanismo, foi uma conferência que o Sartre deu na França ocupada, em 1943, então estas experiências de encontrar um grande pensador, de fazer a experiência da discussão e perceber que o estudo é capaz de proporcionar vias de acesso para a compreensão dos problemas da realidade isso apaixona os alunos e nós podemos ter diferentes critérios para a escolha desses textos, existem textos que são reconhecidamente mais difíceis, nós podemos pensar em textos enfim, que não supõem antecedentes e mais antecedentes de estudos para que eles sejam compreendidos. Eu tenho dito o seguinte para os meus alunos e eu acho que isso vale muito no curso clássico, desculpe, no ensino médio, eu diria se eu fosse professor de ensino médio eu faria a seguinte experiência com meus alunos, leríamos o texto uma vez, se nós não o entendêssemos a culpa pela não compreensão, pelo não entendimento seria nossa. Faríamos uma Segunda leitura e se esse episódio se repetisse, se a não compreensão continuasse a culpa ainda seria nossa, eu diria que é possível até encontrar um ou outro autor que essa experiência possa ser feita numa terceira vez e a gente assumindo a culpa, mas não mais do que isso. Na Quarta vez para que a gente preserve a auto estima e não se sinta burro, não se sinta incompetente, que a gente atribua a culpa ao próprio autor, ao texto, mas nós poderíamos fazer isto, não é? Um bom professor levanta essa suspeita, lá pelas tantas. Por que que o autor que está sendo debatido, ainda que um clássico tenha escrito mal um parágrafo, tenha sido muito mal traduzido. Enfim, esta experiência de enfrentar o texto, ela vai proporcionando momentos de afirmação da individualidade, momentos de autonomia. Vai me ensinando a pensar e sobretudo vai me ensinando que para pensar eu tenho que em determinado momento eu tenho que tomar uma posição, dar um basta, assumir a minha subjetividade, assumir o meu inconformismo, assumir a minha rebeldia, acho que é possível isso....

Subjetividade Coletiva: Por exemplo, você falou nessa questão do modelo francês, que é o modelo de leitura intensa de texto. Eu queria saber se existe algum projeto pra trabalhar com a transição como é trabalhado na escola para esse modelo, porque você tem que fazer toda uma preparação com o aluno né? E o pessoal está assustado lá em Curitiba mesmo, está uma correria, uma loucura aqui, tá uma loucura para conseguir entender todo esse projeto e toda essa preparação. Eu queria saber se existe um projeto para essa transição...

Appel: Tem um programa de transição aí absolutamente necessário, você viu que ontem a noite eu dei de presente dois exemplares do livro didático público, recentemente lançado pela Secretaria Estadual de Educação, não tive a oportunidade de lê-lo, apenas folheei, me pareceu a primeira vista, que é um livro que preenche bem essa transição, porque ele não faz em nenhum momento, ele não passa, eu quero acreditar, por três pessoas que lá trabalharam mesmo sem Ter visto o livro, espero que ao vê-lo e analisá-lo eu confirme essa suspeita, mas como eu conheço três das pessoas que lá estão participando das discussões juntas há a preocupação de fazer com que os estudantes cheguem aos textos, então as discussões propedêuticas preliminares introdutórias, elas têm como projeto num tempo razoavelmente curto fazer com que essa experiência da leitura seja proporcionada aos alunos. Na França nos anos 60 dois autores, Denil Esmon e Andrew Verje, produziram Compêndios Modernos de Filosofia, esse era o título, um deles chamava, era o volume 1, A ação, e o volume 2, O Conhecimento, estes dois títulos que atravessavam os grandes temas que compõem o corpus filosófico as diferentes disciplinas, ele se seguiam com o levantamento de questões, uma recomendação bibliográfica e como se isto não bastasse, por isso que eu vou lutar, havia um terceiro volume, entitulado A História da Filosofia, a história dos filósofos através dos seus textos, que era uma espécie de terceiro volume, era uma antologia de textos filosóficos, eu acho que a Secretaria de Educação, para estar a altura do seu próprio projeto desse seu primeiro volume, há um outro volume que está para ser lançado, seriam as diretrizes e esse terceiro eu não sei se já foi pensado, mas nós poderíamos fazer uma antologia de grandes textos, isto bancado pelo Estado numa tiragem de 450.000 exemplares, como foi feita agora, em partes resolveria o problema.

Subjetividade Coletiva: Qual é o papel da Universidade na implantação da filosofia no ensino médio. O que gente dever fazer? O que a gente deve trabalhar para fazer isso funcionar?

Appel: A professora Ileise ontem a noite, fez uma interessante incursão pela história destas disciplinas, as dificuldades curriculares, enfim, ela lembrou um episódio, que eu não sei se saberia reproduzir direito, mas ela nos explica num dado momento da sua exposição os motivos pelos quais as Universidades privilegiaram a pesquisa e a pós graduação e abandonaram um projeto de formação de professores, em parte deixando essa tarefa para as escolas particulares, as públicas fizeram isto, e esta recuperação que ela fez desses momentos daí da história que não é o caso aqui de reproduzir, a gente poderia depois consultar, um pouco isto que nós teríamos que fazer agora: é convencer nossos departamentos e nesse sentido eu quero saudar algumas iniciativas que vem sendo tomadas pela Associação Nacional de Pós Graduação em Filosofia, que a exemplo do Fórum sul brasileiro que já a alguns anos se dedica a pensar a filosofia e no seu ensino, estas entidades começam a mostrar a importância dos departamentos se preocuparem mais com esta questão de nós recuperarmos as licenciaturas, investirmos mais na formação de nossos alunos, prepará-los também para o magistério do ensino médio. Eu estou tentando mostrar pra você que nós temos um partido claro: voltarmos a nos preocupar com algo que permaneceu distante, sobretudo nas Universidades públicas que têm departamentos de produção intelectual sofisticada com pesquisas densas de valor social e teórico muito grande, mas que pelo fato inclusive, dela não existir como disciplina obrigatória nas escolas do ensino médio, não havia demanda nesse sentido. Acho que seria no mínimo estranho se os departamentos de filosofia, eu tenho certeza de que isso não vai acontecer, eu tenho circulado muito e vejo que isso passa a ser uma preocupação, não sei se basta apenas reencluir os projetos de licenciatura ao lado dos bacharelados, nós já estamos fazendo isso lá em Curitiba na Federal, nós estamos oferecendo cursos para os professores e além de nós, nós estimulamos outras entidades como o SESC da esquina a fazer o mesmo.

Perene

Por quê?
Por que vivemos tanto fora do tempo,
E perdemos a parte da eternidade que nos cabe?
Por que essa ânsia por mudar o mundo todo,
Se não mudamos a parte do mundo que nos cabe mudar?
Por que o coração precisa explodir em direções arbitrárias à nossa vontade?

Então ela se fez bonita...
Ao seu lado
Num pouco silêncio que tinha entre seus corações.

sábado, 27 de outubro de 2007

...


Olhe ao seu redor eu sei que o passado ainda dói realmente eu não sei como sente-se, mas se um dia da escuridão não sair...Sussurre meu nome... E não importa onde estará, no mar, no céu, na terra, no céu ou no inferno.. Chame meu nome e eu percorrerei campos de batalhas, marés de larvas... irei até você.

A sua vida se desentralaçou da minha você disse adeus.. Mas olhe algo ainda nos algema.. as dúvidas, a dor, as cicatrizes.. me chame quando a escuridão te acorrentar...




"Ashita no imagoro niwa, anata wa dokoni irundaro dare wo omotterundarou"

Lembrei-me agora

Esta poesia estava na primeira adição do Sub (apelido do nosso querido Subjetividade Coletiva, mas só para os mais chegados...) e eu me lembrei agora. Acho deveras interessante.


A PIEDADE

Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através dos meus sonhos
(Roberto Piva)
Porra, a hipocrisia é uma merda, lógico que todos nós somos de certo modo somos hipócritas, quem não for meus parabéns, você é um grande sábio ou sei lá o que.
Mas puta que pariu, hoje eu to encucado com uma coisa, beber, o que tem de mais em beber ? Afinal de contas quem não bebe? Todo mundo bebe alguma coisa, tá, parece babaca o que eu to falando, de fato é, mas e bebida alcoólica, beber sem um substantivo (leite,suco,água,leite com pera, etc.) é beber cerveja, pinga, essas "porcariadas" todas. A sociedade fala que quem bebe é mal caráter, é não sei o que, é pinguço, vagabundo, maltrapilho, esculachado, irritante, ou o que quer que seja, e é nesse ponto que entra a hipocrisia, quantos pais por ai não são uns funís e acham ruim que seus filhos bebam, que moral tem eles pra falarem, sujo falando do mal lavado, são uns cavalos, uns ignorantes, a bebida foi feita pra ser apreciada, degustada, saboreada e o álcool da esse "grau" de sabor, é revoltante, quantos amigos eu tenho que bebem escondido do pai, e voltam pra casa normais, nada alterados, quer coisa melhor, você pega uma noite como essa, que eu to escrevendo essa coisa, chama uns amigos, os camaradas, vai compra um vinho, ou cerveja, senta num canto bem tranquilo fica lá papeando e bebendo, que mal estão fazendo pra vida deles ? quantas idéias não podem surgir dessas conversas? que desgosto eles tão dando pros pais deles ? estão ingerindo um líquido que tem um sabor agradável num ambiente enchuto com pessoas adoradas. Não faz sentido. Lógico que tem os aloprados que chegam em casa bebado, depravado já pelo "arco", esse deve ser o medo de todo pai, o filho ficar um descontrolado na bebida, mas essa insegurança e essa "desliberdade" de pai para filho, torna o ato de beber, uma experiência nova, adrenalina, aquela sensação, isso tudo aumenta o desejo. E é ai que o garoto se perde, bebe escondido do pai, e bebe ali bebe aqui, uma hora ele descontrola e bebe demais, e aquela coisa toda, mas, se o pai chama o filho pra conversar, ve se o filho bebe e tal, compartilha sabe uma amizade é tudo que um pai quer com seu filho, aposto que o muleque nunca chegaria em casa chapado de bebida, beberia com o pai, aos olhos do pai, e tudo seria uma paz, ninguém se preocuparia com nada. E fim de papo. Away (Gil Brother) ASHUISAHuisa!

tem erro ai pra caramba. mas faz parte =) abraço!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Eu não sou “comunista” ou Contra o discurso ineficaz

Eu não sou “comunista”. E sinceramente começo a desgostar daqueles que são. Há algo de autoritário na visão de quem se apresenta assim. Claro, não conheço todos os comunistas do mundo, e muito menos li Marx de maneira séria. No entanto, isto não desqualifica meu julgamento, pois um dogmático mostra a cara independentemente da interpretação que teve de sua Bíblia.

O que diria sobre esse mostrar de cara? Ora, subjugam o próximo a suas Verdades (ou tentam), acreditam realmente que queimar vivos seus opositores é válido pela lógica do “Bem maior: submeta-se”, e têm uma forte tendência à desqualificação dos adversários, e não do discurso que eles propõem. No caso dos “comunistas” isto acentua-se com “Capitalistas porcos imundos” e “legalistas do governo” – independente se o governo é o do Lula, FHC, ACM, Deus ou o diabo à quatro. Nesse ponto chego inclusive a me perguntar por que escrever sobre eles. É mais fácil ligar a Bandeirantes em horário nobre e assistir o “Deus é fiel – como depois que paguei o dízimo Deus intercedeu na minha vida – e dez maneiras de se livrar da força do mal que “encosta” nos homens de bem”. Ao menos me divirto. Com os que se intitulam “comunistas”, nem isso.

Se o movimento estudantil não estivesse contaminado por eles, se a Juventude de outros partidos políticos existissem e a eles fizessem frente, se ao menos as ações destes enviados pela Vossa Santidade Karlinhos Marx fossem eficazes... Daí não me incomodaria. Mas não são eficazes. Nunca mudaram o mundo em suas eternas esperas pela Revolução, aquela que trará o “verdadeiro socialismo” (nada contra o tal do socialismo, diga-se de passagem – e nada a favor também). E pior: nunca vi nenhum deles trabalhando em ações de caridade ou ajudando de fato a classe proletária. Se o único poder que é possível fosse o de mandatos políticos conseguidos na base da retórica de promessas incertas e fugidias estaríamos à beira de um colapso, hoje mais do que nunca. E se de lutas por siglas somente chegar-se-á à sonhada mudança almejada me proporei fora do jogo. Se for assim, darei aulas apenas (para “comunistas” e não comunistas – liberais e quaisquer outros seres que possuam ligações com o inferno e imediações); talvez ajude a associação do meu bairro a resolver problemas imediatos das pessoas e quem sabe até planto umas árvores nas beiras de córregos desmatados. Coisa pouca, confesso. Mas política, esta eu não quererei mais.

No entanto, se as tais lutas por siglas representarem duas ou mais práxis diferentes propondo-se para a transformação da realidade, e demandarem um saber fazer, ao invés de serem pelo mero desejo de auto afirmação pós-adolescência e por uma vaidade que pouco pensa e muito fala, poderia então colaborar neste campo que tanto tange os nossos cotidianos.

O problema é que falta à maioria da chamada “esquerda” que reina no campo dos movimentos estudantis um pouco mais de seriedade. Eu aconselharia a prestar mais atenção nas pessoas que formam vossos coletivos e menos para vossos ideais de coletividade – o segundo é em função do primeiro, e não o contrário. Aconselharia a pensarem que o todo depende da parte, e que há várias maneiras de se pensar este todo – inclusive algumas mais eficazes. Eleições com um terço dos eleitores possíveis, votos na base do coleguismo e uma total indiferença ao que se chama hoje “Movimento Estudantil” são no mínimos indícios que levam à consideração destes conselhos. Nada adianta empunhar bandeiras se elas são meros adereços alegóricos para aqueles que as observam em vossas mãos.

Se vocês não podem entender pessoas como indivíduos separados da massa de bois que visam comandar e conduzir para a felicidade, se vocês não percebem que é pela educação e não em discursos de porta de bar que uma consciência se torna crítica ao ponto de protestar, então sinto vos dizer que vossas jornadas são sim ineficientes, e desde seu início uma utopia estúpida. Repensem, vocês têm bom coração e quem sabe ainda poderão fazer-se úteis. Sempre há tempo.

Mas nunca, absolutamente em nenhuma circunstância, me digam que minha individualidade deve submeter-se ao todo no qual vocês acreditam. Mando-os ao inferno. No máximo aceito que de individualidades livres e plenas possa-se criar um todo melhor. E se não puderem me tornar pleno, ao menos não atrapalhem.

Ah, e deixem que me ensinem sobre comunismo aqueles que o sabem.