No segundo dia de batente fui admitido para mais uma função de segurar no reio. Destinado nas últimas horas de combinar crachá de uma cor com outra, amargava-me profundamente. Era bem cedo quando cheguei no ônibus de transporte do trampo. Sentei logo na frente. Não queria papo com ninguém. Estava realmente emburrado neste dia, geralmente, ao acordar fico emburrado. O Luciano, vizinho de quarto, artesão e falador, ficou tagarelando todo o momento da viagem, desperdiçando todo o espaço vazio do tempo. Fiquei mais emburrado ainda. Queria seu pescoço fora do ônibus, ou que fosse dentro, mas separado do corpo.
Então fui.
Eles chamavam de Q.G o lugar que estavam me empregando, via indisposição nos meus olhos durante momentos, (...) expressões faciais desfilavam sorrindo para mim, (...) eram das mais variadas facetas(...) eram de fazer empregar.
Tentei falar o menos possível, era inevitável. Fugia todos instantes possíveis. Fugia dela.
- ei natália, o que é que tem que fazer, afinal? Ah, sei lá meo , cheguei faz dez minutos. Aquela dona ali, falou que é só contar e colocar no saquinho verde.
Ainda embrutecido pensei (...) – puta merda, que sacola!
E contei camiseta, contei crachá, contei fio de microfone de rádio sem fio, coloquei somente quatro cadeiras em cada mesa, matei barata –para alívio delas- a única coisa que deixei de contar, de fato, tudo como posso, é que dentre sentimentos, só não contei eles próprios – as pessoas.
A nossa chefe pedia as coisas para eu fazer, porque sempre estava parado. O que ela queria? Que eu ficasse de um lado para o outro, que nem uma barata tonta?! Nunca!
Prefiro mil vezes ficar parado e ficar embrutecido. Era bom demais ficar embrutecido, eu ficava a todo momento. até distraído, elas, as chefes- porquê era mais de uma, na verdade eram duas- pensava duas vezes anates de falar com o garoto embrutecido, mas enfim falavam.
- querido?
Como assim, querido. O que ela estava pensando quando me chamou assim. Nunca demos uma. Não não, viche, muito feia. Já esperei coisa pior. Pois bem, ela me chamou por querido.
- Oi, o que você quer?
Eu era curto e grosso nas respostas. Mas obedecia. Obedecia pra compensar meu mal humor.
- você faz um favor zinho?
Não. Não vou fazer não. Como queria Ter falada isto.
- faço sim. Do que você precisa?
De um pinto bem grande? Pensei. E dei um risada da qual ela fez uma cara de desprezo. Ela era meio tonta, parecia que vomitava antes de falar. Ela não existia.
- Então, qual é o favor que você quer que eu faça?
- Primeiro, quantos anos você tem? Doida, só pode ser doida.
- 23.
- Você gosta de mulher? Lá vem ela ...
- Claro! Que pergunta.
- Não falo de qualquer mulher, uma mulher mais experiente na vida, com qualidades que nenhuma ninfetinha se dispõe. Então, gosta?
Fiquei embrutecido, encurralado, mas respondi.
- bem, mulheres experientes tem suas qualidades, as quais a experiência definem já as ninfetinhas, bem essas não estão no meu controle, elas me desatinam, me faz perder a cabeça ... sem ... meu, nem toda experiência do mundo me faria gozar como uma ninfeta me faz.
Sua cara de surpresa já diz o que se deve e não deve. Ela acreditou, desalinhada ela tenta se recompor.
- Nossa! Como você é sincero. E Cara-de-Pau!
Nesse momento fiquei intrigado. Ela disse cara de pau?! Minha Nossa Senhora, vixe Maria, o que será que ela está querendo.
Ainda não tinha me dado por si. E se dei já estava concebido, mesmo se não soubesse. Agora, disposto ir até o final com essa baboseira, esquecendo de onde me encontrava, a final, embrutecido com essa merda toda, decidi acabar tudo o que vier por cima.
- é garoto, eu sei o que você veio fazer aqui e isso que você quer não é apropriado neste local. Sei também da sua situação econômica e familiar, mas isso não vem ao caso, pelo menos, não neste momento. Faz o seguinte, antes que eu me arrependa. Empresta-me tua mãozona, agora abaixa aqui, isso bem pertinho, isso...
meu deus, o que era aquilo que eu estava fazendo ali em baixo do balcão principal? Uma velha, pelancas para todo lado, cruiz-credo. Não tinha mais nada o que pensar, essas imagens vêm a todo momento, meu deus. Fui guiado cego pôr aquela doida desvairada, desequilibrada, sem limites, e ainda por cima, pelancuda.
Meu deus, minha cara está molhada. Que visão do inferno, meu deus. Umas pelancas caídas com pentelhos umedecidos na minha boca. Um filme de Mogica. Estava tudo lambuzado, já não sabia onde me encontrar meio aquele absurdo todo, aquela lambança se espelhava. Cheguei escorregar o joelho, batendo o queixo no chão devido a lambança feita pelo sucos gozados. Entendi porque é que ela chamou-me de cara de pau.
Parti naquele momento, decidindo fazer uso deste novo atributo que me pertencia. E disse enfurecido, pelo qual alucinava feito caba da peste.
- Cara-de-Pau, não? É isso mesmo que você gosta?
- Então toma!
E foi, Tomei um impulso de baixo para cima com as mãos e os pés, mirando bem aquilo que estava acima de mim. Suas pernas abriram feito aguém partindo um melancia.
-Ai Caralho! Ai Caralho! Ai ai, tá doendo seu puto! Para para para!
De repente, depois do branco, escuro. Vejo seu corpo enorme tombar como geleia. Ouço tremendo, anestesiado, sua cabeça bater no chão. Que estrago, que lambança, que bagaço.
De fato, fiz da minha cabeça um pau bem gordo e potente, afim de parti-la ao meio. Estava feito de raiva que nunca senti até o presente. Não me importava mais com a conseqüência, já estava na merda mesmo, então tinha decidido entulhar com tudo. Com toda força.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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2 comentários:
peu peu, me surpreende a cada texto.
pena n ser eu bom definidor de estilos literários, mas isso acaba n importando...
te cuida, rapaz
hahah
foda o texto!
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