É possível dizer que nesta semana o rock estará entre nós. Amanhã, no Rio, e quarta, em São Paulo, Chuck Berry, um dos três inventores ainda vivos do rock (e certamente o mais importante e influente deles), andará que nem pato e cantará sucessos que embalaram mais de meio século de gerações.
Aos 81 anos, o compositor, cantor, guitarrista e gênio influenciou com performance e obra Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan e o resto da cultura ocidental, sendo um dos agentes que sacudiram o preconceito racial nos Estados Unidos. Provavelmente até você, leitor, foi influenciado por Chuck Berry. Fenômeno de costumes tão vivo e difundido, o rock provoca em alguns o equívoco de considerá-lo menor justamente por não ser apenas música.
Sendo assim, incomoda ser uma lenda? "Faz parte do jogo", diz à Folha, entre sonoras gargalhadas. "É ótimo quando você viaja pelo mundo e vê que sua criação se comunica com as pessoas de forma tão intensa." Exemplifica isso ao falar do Brasil, onde tocou em 1993 e 1996. Ele se lembra de dois rapazes que subiram ao palco.
"Eles não me disseram nada, mas o fato de eles estarem se divertindo foi suficiente. Eles apreciavam bastante minha música e mostravam isso."
De certa forma, Chuck Berry aceitou se confinar ao passado, quando misturou country e r&b e disparou pérolas do que se chamaria rock'n'roll. Parou de gravar álbuns de carreira em 1979, com "Rock It", e encara de forma natural o cessar-fogo. "Isso tem um pouco a ver com o cenário das gravadoras.
E depois é preciso reconhecer que o que as pessoas querem de você. Elas não querem que eu faça regravações de Michael Jackson, elas querem que eu toque "Johnny B. Goode". Então, minha grande preocupação hoje em dia é fazer "Johnny B. Goode" melhor do que na noite anterior", declara.
O que não é exatamente ruim quando se tem um passado como "School Days", "Maybellene" e "Johnny B. Goode" e muito menos quando se gosta de dinheiro e fama como Berry.
O guitarrista já enfrentou processos sob acusação de negar autoria a parceiros (como o falecido ex-colega de banda Johnny Johnson). Por décadas, ganhou fama de calotear os músicos que recrutava nas cidades onde ia tocar, pois viajava sem banda; hoje traz músicos, mas o brasileiro Maguinho Alcântara estará na bateria.
Bo Diddley
Animado na maior parte da conversa por telefone (ele falava dos Estados Unidos), Berry só fica mais sério quando indagado sobre o guitarrista Bo Diddley, morto há duas semanas e também visto como um dos criadores do gênero.
"Eu sinto como se tivesse perdido um irmão. Apesar de não ter tido tantos sucessos nas paradas quanto eu, foi um sujeito que deixou um legado, e para mim, era um amigo. A rivalidade que foi criada entre nós nos anos 50 era apenas uma forma de vender discos", afirma, sobre o finado gênio.
Indagado sobre o que mais admira no rock posterior a si, Chuck Berry cita o nome de Michael Jackson e aponta um injustiçado. "Acho que um dos mais subestimados é George Benson, que é bastante elogiado como cantor, mas deveria ser reconhecido também pelo estilo na guitarra."
Chuck Berry
Quanto: de R$ 180 a R$ 300
Quando: qua., às 21h30
Onde: HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281, Chácara Santo Antônio, tel. 0/xx/11/4003-1212)
segunda-feira, 16 de junho de 2008
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