domingo, 10 de fevereiro de 2008

Hablando sério

de lo miesmo matutino, una propuesta muy interessante, visando la promocion de la integracion de los pueblos! Salve salve la Relespública bolivariana del norte! Arriba arriba!


Hablando sério

Escritores brasileños y paraguaios uniram-se numa missión increíble: legitimar o portunhol

Ronaldo Bressane*

- É do New York Times, corazón! Acorda!

- Hein? Estás loca, chica? A essa hora de la mañana só puede ser cobrança!

Increíble: nosso movimiento habia chegado al Grande Hermano Yankee! O portunhol selvagem, língua freestyle inbentada nas fronteras de Brasil con Paraguay y digitalizada pelo poeta Douglas Diegues, reformatada por escritores brasileiros e latino-americanos e até por atores como o mexicano Gael García Bernal e músicos como o gaúcho Wander Wildner, caiu nas orelhas do novo correspondente do NYT no Brasil. No mesmo mês, a língua del futuro é matéria da revista Piauí, do canal Multishow, y (perdón, Cervantes) da Rádio Exterior de Espanha... Pero como começou esto? Usted, caro leitor, conocerá em primera mano o marco zero del movimiento, em la primeira reportaje escrita em portunhol nos 133 años de Estadón. Foi em dezembro. Em Asunción, por supuesto.


*

- Sejam todos bem-vindos à Paraguaylândia!

Assim nos recebe el gorduchamente simpático Douglas Diegues, secundado por um magrelo bocudo, que se apresenta como...

- Eu soy o Domador de Jacarés! Tranki?

Don Diegues y El Domador seriam nossos Virgílios naquela wasteland. Gentis, carregam nuestras bagages para el detonado Palio de DD, o Rocinante selbagem - y um rangido contínuo dedurava: el coche estaba con las pastilhas gastas!

- Bámonos sim frenos, kapitanes! - esbravejava DD por trás dos óculos de lentes embaçadas pelo calor de 40 graus, siempre pontuando de exclamações e cigarros sus frases, como se a qualquer momento fosse tener um infarto, o peor, um orgasmo!

As calles cheias de carros em pandarecos recordava Capão Redondo: el mundo é lo mismo, todo lugar - mas que lugar seria Asunción? Só sabia que a pátria das muambas foi uma potenza industrial no siglo 19, destruhida por brasileros y argentinos (ali llamados de “kurepas”, gíria guarani para “porcos”). Matamos hombres, crianças y mujeres! Viva Caxias!

- Mira, acá es la sede de la Federacción Sudamericana de Fútbol! - e DD apontou um prédio de catorze andares aparentemente vazios.

- Bámonos a tomarlo para sede del portuñol selvaje, verdad?

EL DOMADOR DE JACARÉS

El portunhol selvagem és uma idéia de DD, carioca quarentón que vive desde os 5 anos em Ponta Porã (MS). Na fronteira, o poeta de família paraguaia sacou o mix freestyle de guarani, português e espanhol hablado chulamente por índios sacoleiros, pistoleiros trôpegos e carinhosas cortesãs - e o verteu em libros como O Astronauta Paraguayo. O encontro portunholesco faria parte do evento Asunción Kapital Mundial de la Ficción, que entre 6 e 10 de dezembro de 2007 reuniu escritores latino-americanos na embaixada brasileira - DD foi lo principal artífice da história.

Seu amigo de infância, o Domador de Yakarés (nunca fala o nome real), é para DD o que foi Neal Cassady para Jack Kerouac: o muso do movimiento. Voz encarnada do portunhol selbaje, Domador teve inúmeras profissões antes de se descobrir um pintor de vanguarda rupestre, filósofo pedestre, xamã em chamas. Mas por que Domador de Yakarés?

- El hombre, como el jacaré, tem três defeitos: la ignorância, la cobiça, la raiva! Yo, como domador, domestico essas fuerzas negativas em los hombres y así haço arte!

Muchas exclamaciones depois, saltamos em um barrio de árboles y mansiones. Ali conocemos Carla Fabri, fada-madriña do movimento. Toda de blanco, blancos-pérola sus cabellos longos, ella nos recebe com um abrazo galáktico. Su casa é lotada de objetos de arte e pinturas modernistas; lá fora um espejo d’água é cercado por enorme gramado - “necesito espacio para que acá descendam las naves interestelares”, explica a atriz e cronista do diário ABC (Carla é a Danuza Leão de Assunção).

Almorzamos com Cristino Bogado Gamarra, El Kuru, que dispara:

- Las Mercenárias ainda tocan, verdad? Y Fellini? Conoces Akira S, Ira!, Patife Band? - Kuru, autor de Punk Desperezamiento, morou em São Paulo nos anos 80; daí su admiración pelas bandas alternativas da ciudad. O editor e poeta paraguayense é a terceira ponta do tridente selvaje - além de primo do Gamarra, maior zagueiro da história do Corinthians. Assim que devastamos las milanesas, Carla y Kuru nos levam ao Hotel Gran Paraguay... ex-residência de Madame Lynch, amante de Solano López!

- Cuidado com el fantasma ninfómano de Madame... - Carla estala besos en mis bochechas. Y es mismo despampanante el hotel! Lo más estraño es que sólo yo y el periodista brasileño Bruno Torturra estamos hospedados lá... Nosotros y, saberemos mais tarde, 700 debutantes! Ai ai ai!

Convidados pelo Itamaraty, representamos los brazos armados del movimiento em Sampaulândia. Encuanto el cantante Torturra aportunhola Waldick Soriano y Odair José, escribi o libro Cada Vez que Ella Dice X, lançado pela Yiyi Jambo, a editora que funciona em casa de Douglas y Domador - este é o capista dos livros de capas de papelão catado na rua, pintadas com acrílico, em estilo que lhe confere la alcuña de Pollock de los Chacos. O miolo dos livros é, por supuesto, y sin embargo, xerocado.

Todo es lo xerox del xerox! Em la metrópole de la contrafacción, hasta los brinquedos chineses son falsificados! Tu caminas y caminas y só vê gente bebendo tererê (mate gelado)... Assim se entende el dito de Jorge Kanese, outro escritor que mora em uma bela casa com piscina: “Paraguay envenena!” Todos em las ruas parecem enbenenados pelo calor, ilhados por Brasil, Argentina y Bolívia, sedentos por cultura y información, ainda que cercados de água - a antiqüíssima Asunción é o umbigo do Aquífero Guarany, que começa no pantanal mato-grossense e detém 20% da água doce do planeta. Se yo fosse usted, comprava uma fazenda no Chaco para passar tranki el Apokalípsis (o mesmo devem pensar los nazistas que ali vivem desde os tempos de Elizabeth Foster, irmã do filósofo Nietzche, así como los seguidores del reverendo Moon).

Em Asunción tablóides como Esto!, que enquadram cabeças decapitadas de bandidos e bundas de musas do meretrício, são escritos em portuñol selbaje - pero passou uma da tarde, não se acha jornal em lugar ningun! Natal batendo à porta, nadie parece trabajar y, palabra, la siesta dura 3 horas! Asunción ostenta uma força naval, mas não vê oceano, y, apesar de enviar macuenha ao Sudeste brasilero, no tiene uma só loja vendendo seda para confeccionar cigarros - los lokos lokales hacem sus baseados com jornal! Lá todo es ficción, verdad?

À noite, encontramos na embaixada brasilera o Domador de Jakarés cercado por suas pinturas e bizarros insetos voadores que se esborrachavam nas taças de vino da vernissage portunholesca.

- Son los baratones noturnos. Aparecem com el calor de la noche... y el calor de las yiyis...

Yiyi (se diz “djídji”) é a gíria guarani para gatinha. As yiyis paraguayenses, ensina Domador, son generosas: descendem das yiyis remanescentes da Guerra do Paraguai, que disputavam un hombre com 20 muchachas! Atrás delas, los escribas se jogam em la noche febril de Asunción; pasamos por pubs como Saxonia, onde se vende cerveja em galones de 5 litros, y salones como María Delirio, onde a juventud dorada cai na cumbia. Pero, em cambio de mujeres, descobrimos el jugoloko! Una bebida hecha de cana destilada, vodka e goiabinhas fermentadas - “Hay mismo quien meta gasolina y cogumelitos en el coquetel!”, jura Kuru.

CASI ÀS MOSKAS

Na noche seguinte, o Rocinante sem freios de DD dá carona para los escritores e críticos brasileros Xico Sá, Joca Reiners Terron, Ademir Assunção e Aurora Fornoni Bernardini. Es el gran encerramiento: el Encuentro del Portuñol Selvaje! Pero, por causa talvez do Dia Nacional da Virgen de Kaakupê, que reúne um mijón de fiéis, o enorme auditório da embaixada está casi às moskas... “Voy a hablar poemas nesta lengua inexistente pra uma platea que no existe”, solta Miguelangel Meza, o Candyman, poeta guarani que nunca sai de casa sem um saco cheio de balas. Na seqüência, dona Aurora sugere una conexión entre el portunhol y los poemas ítalo-brazukas de Juó Bananère, ídolo de Adoniran Barbosa.

Después de los sonetos selbajes de DD y de la prosa punk de Kuru, Joca Terron lê um Jim Dodge tirado de seu Transportunhol Selvagem, que traz também transcriaciones de Raymond Carver e Hans Magnus Enzensberger. Ademir Asunción verte su Zona Fantasma para a bilinguagem. Guillermo Sequera, um Leonard Cohen paraguayense, entoa cânticos xamânicos guaranis acompanhado de um violão mouro. Xico Sá exibe trechos de Caballeros solitários rumo ao sol poente, “A vida é um pangaré paraguayo que nos pega na curva!” Jorge Kanese, patriarca del jugoloko, manda a epopéia de um cavalheiro batendo às portas de um bordel: “Abran, karajo!” O morrisoniano Edgar Pou entoa um manifesto erótico em portuñol encuanto sus niños gargalham na platea. Yo leio poemas feitos para una yiyi jambo que me fez comer el pan que el diablo amasó. Y Torturra, que hasta enton se preguntava que rayos fazia ali, cria na hora, em la cara de palo, su primero poema:

- Yo soy el baratón de la noche... yo vuelo em busca de las yiyis...

No camino para la mansión de Carla, bemos uma placa que promove um “Curso de Metafísica Prática”. Todo es possible em Asunción, verdad? Las garrafas de jugoloko son pocas para la fiesta poética. “Cocoon! Cocoon!”, brada Xico, antes de se jogar vestido em la piscina de Fabri; Domador o segue y ganhamos uma visión infernal de dois tiozinhos em busca de imortalidad. Não era nos chacos paraguayos que Ponce de León procuraba la fonte de juventud? Na falta do elixir, dále jugoloko! Y las yiyis... ficción? O estarán esperando los escritores em el baile de las 700 debutantes, no hotel? Ah, las yiyis... tranki, tranki...


* Ronaldo Bressane é jornalista e escritor. É autor, entre outros, de Céu de Lúcifer (Azougue)

Portunhol Selvagem

Mistura de português e espanhol, com pitadas de guarani

ASUNCIÓN
Todo es xerox! Em la metrópole, hasta los brinquedos chineses son
falsificados

BARATÓN DA NOCHE
Na vernissage, bizarros insetos voadores esborrachavam-se nas taças de vino

LO SARAU
O poema foi feito para uma ‘yiyi’ que me fez comer el pan que el diabo amasó

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